tag:blogger.com,1999:blog-53247205504388323942024-03-08T15:47:19.772-08:00Semana de Arte Moderna de 1922Unknownnoreply@blogger.comBlogger6125tag:blogger.com,1999:blog-5324720550438832394.post-52758051777495827822008-11-02T17:28:00.001-08:002008-11-02T17:28:36.633-08:00Semana de Arte Moderna 1922<div style="text-align: center;"><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Semana de Arte Moderna</span><br /></div><br /><div style="text-align: justify;">A Semana de Arte Moderna, também chamada de Semana de 22, ocorreu em São Paulo no ano de 1922, de 11 a 18 de fevereiro, no Teatro Municipal.<br /><br />Durante os sete dias de exposição, foram expostos quadros e apresentadas poesias, músicas e palestras sobre a modernidade, que deixou indignados alguns escritores e artistas de renome.<br /><br />A Semana de Arte Moderna representou uma verdadeira renovação de linguagem, na busca de experimentação, na liberdade criadora da ruptura com o passado e até corporal, pois a arte passou então da vanguarda, para o modernismo. O evento marcou época ao apresentar novas idéias e conceitos artísticos, como a poesia através da declamação, que antes era só escrita; a música por meio de concertos, que antes só havia cantores sem acompanhamento de orquestras sinfônicas; e a arte plástica exibida em telas, esculturas e maquetes de arquitetura, com desenhos arrojados e modernos. O adjetivo "novo" passou a ser marcado em todas estas manifestações que propunha algo no mínimo curioso e de interesse.<br /><br />Participaram da Semana nomes consagrados do Modernismo brasileiro, como Mário de Andrade e Oswald de Andrade, Víctor Brecheret, Anita Malfatti, Menotti Del Pichia, entre outros.<br /><br /><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Origens</span><br /></div><br />A Semana de Arte Moderna ocorreu em uma época cheia de turbulências políticas, sociais, econômicas e culturais. As novas vanguardas estéticas surgiam e o mundo se espantava com as novas linguagens desprovidas de regras. Alvo de críticas e em parte ignorada, a Semana não foi bem entendida em sua época. A Semana de Arte Moderna se encaixa no contexto da República Velha, controlada pelas oligarquias cafeeiras e pela política do café-com-leite. O capitalismo crescia no Brasil, consolidando a República e a elite paulista, esta totalmente influenciada pelos padrões estéticos europeus mais tradicionalistas.<br /><br />Seu objetivo era renovar o ambiente artístico e cultural da cidade com "a perfeita demonstração do que há em nosso meio em escultura, arquitetura, música e literatura sob o ponto de vista rigorosamente atual", como informava o Correio Paulistano a 29 de janeiro de 1922.<br />Vanguardas Européias<br /><br /><div style="text-align: justify;">A nova intelectualidade brasileira dos anos 10-20 viu-se em um momento de necessidade de abandono dos antigos ideais estéticos do século XIX ainda em moda no país. Havia algumas notícias sobre as experiências estéticas que ocorriam na Europa no momento, mas ainda não se tinha certeza do que estava acontecendo e quais seriam os rumos a se tomar.<br /></div><br /></div><div style="text-align: justify;">O principal foco de descontentamento com a ordem estética estabelecida se dava no campo da literatura (e da poesia, em especial). Exemplares do Futurismo italiano chegavam ao país e começavam a influenciar alguns escritores, como Oswald de Andrade e Guilherme de Almeida.<br /></div><ul><li> Exposições de quadros de Vicente do Rêgo Monteiro, em Recife e no Rio de Janeiro, explorando a temática indiana.</li><li>Mostra de desenhos e caricaturas de Di Cavalcanti, denominada “Fantoches da Meia-noite”, na cidade de São Paulo.</li><li>Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia, Cândido Mota Filho e Mário de Andrade divulgam o Modernismo, em revistas e jornais.</li><li>Mário de Andrade escreve a série Os mestres do passado, analisando esteticamente a poesia parnasiana que estava no auge da reputação literária e mostrando a necessidade de superá-la, porque a sua missão já foi cumprida.</li><li>Oswald de Andrade publica um artigo sobre os poemas de Mário de Andrade, intitulando-o “O meu poeta futurista”. A partir de então, apesar da recusa de Mário de Andrade em aceitar a designação, a palavra “futurismo” passa a ser utilizada indiscriminadamente para toda e qualquer manifestação de comportamento modernista, em tom na maioria das vezes pejorativo. Em contrapartida, os modernistas chamam de “passadistas” os defensores da tradição em geral.</li></ul><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">A Semana</span><br /></div><br /><div style="text-align: justify;">A Semana, de uma certa maneira, nada mais foi do que uma ebulição de novas idéias totalmente libertadas, nacionalista em busca de uma identidade própria e de uma maneira mais livre de expressão. Não se tinha, porém, um programa definido: sentia-se muito mais um desejo de experimentar diferentes caminhos do que de definir um único ideal moderno.<br /></div><div style="text-align: justify;"><ul><li><span style="font-style: italic;">13 de fevereiro (Segunda-feira) - Casa cheia, abertura oficial do evento. Espalhadas pelo saguão do Teatro Municipal de São Paulo, várias pinturas e esculturas provocam reações de espanto e repúdio por parte do público. O espetáculo tem início com a confusa conferência de Graça Aranha, intitulada "A emoção estética da Arte Moderna". Tudo transcorreu em certa calma neste dia.</span></li></ul><ul><li><span style="font-style: italic;">15 de fevereiro (Quarta-feira) - Guiomar Novais era para ser a grande atração da noite. Contra a vontade dos demais artistas modernistas, aproveitou um intervalo do espetáculo para tocar alguns clássicos consagrados, iniciativa aplaudida pelo público. Mas a "atração" dessa noite foi a palestra de Menotti del Picchia sobre a arte estética. Menotti apresenta os novos escritores dos novos tempos e surgem vaias e barulhos diversos (miados, latidos, grunhidos, relinchos...) que se alternam e confundem com aplausos. Quando Ronald de Carvalho lê o poema entitulado Os Sapos de Manuel Bandeira, (poema criticando abertamente o parnasianismo e seus adeptos) o público faz coro atrapalhando a leitura do texto. A noite acaba em algazarra. Ronald teve de declamar o poema pois Bandeira estava impedido de fazê-lo por causa de uma crise de tuberculose.</span></li></ul><ul><li><span style="font-style: italic;">17 de fevereiro (Sexta-feira) - O dia mais tranqüilo da semana, apresentações músicais de Villa-Lobos, com participação de vários músicos. O público em número reduzido, portava-se com mais respeito, até que Villa-Lobos entra de casaca, mas com um pé calçado com um sapato, e outro com chinelo; o público interpreta a atitude como futurista e desrespeitosa e vaia o artista impiedosamente. Mais tarde, o maestro explicaria que não se tratava de modismo e, sim, de um calo inflamado...</span></li></ul></div><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Desdobramentos</span><br /></div><br /><div style="text-align: justify;">Vale ressaltar, que a Semana em si não teve grande importância em sua época, foi com o tempo que ganhou valor histórico ao projetar-se ideologicamente ao longo do século. Devido à falta de um ideário comum a todos os seus participantes, ela desdobrou-se em diversos movimentos diferentes, todos eles declarando levar adiante a sua herança.<br /><br />Ainda assim, nota-se até as últimas décadas do Século XX a influência da Semana de 1922, principalmente no Tropicalismo e na geração da Lira Paulistana nos anos 70 (Arrigo Barnabé, Itamar Assumpção, entre outros). O próprio nome Lira Paulistana é tirado de uma obra de Mário de Andrade.<br /><br />Mesmo a Bossa Nova deve muito à turma modernista, pela sua lição peculiar de "antropofagia", traduzindo a influência da música popular norte-americana à linguagem brasileira do samba e do baião.<br /></div><br /><div style="text-align: justify;">Entre os movimentos que surgiram na década de 1920, destacam-se:<br /></div><ul><li><span style="font-style: italic;">Movimento Pau-Brasil</span></li><li><span style="font-style: italic;">Movimento Verde-Amarelo e Grupo da Anta</span></li><li><span style="font-style: italic;">Movimento antropofágico</span></li></ul><div style="text-align: justify;">A principal forma de divulgação destas novas idéias se dava através das revistas. Entre as que se destacam, encontram-se:<br /></div><ul><li><span style="font-style: italic;">Revista Klaxon</span></li><li><span style="font-style: italic;">Revista de Antropofagia</span></li></ul>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5324720550438832394.post-5219753103263343512008-11-02T17:25:00.000-08:002008-11-02T17:27:27.627-08:00Artistas da SemanaArtistas Que Contribuiram Com a Semana de Arte Moderna:<br /><ul><li style="font-weight: bold; font-style: italic;"><a href="http://semanadeartemoderna22.blogspot.com/2008/11/anita-malfatti.html">Anita Malfatti</a></li><li style="font-weight: bold; font-style: italic;"><a href="http://semanadeartemoderna22.blogspot.com/2008/11/mrio-de-andrade.html">Mário de Andrade</a></li><li style="font-weight: bold; font-style: italic;"><a href="http://semanadeartemoderna22.blogspot.com/2008/11/tarsila-do-amaral.html">Tarsila do Amaral</a></li></ul><span style="color: rgb(255, 0, 0);font-size:85%;" ><span style="font-style: italic;">(Clique no nome do artista para abrir sua página)</span></span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5324720550438832394.post-79939233760875543222008-11-02T12:41:00.000-08:002008-11-02T12:52:54.101-08:00Mário de Andrade<div style="text-align: justify; font-family: arial;"><div style="text-align: center;"><img style="width: 194px; height: 260px;" alt="" src="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/mariodeandrade.jpg" /><br /></div><span style="font-weight: bold;"><br />Mário Raul de Morais Andrade</span> (São Paulo, 9 de outubro de 1893 — São Paulo, 25 de fevereiro de 1945) foi um poeta, romancista, crítico de arte, folclorista, musicólogo, professor universitário e ensaísta brasileiro. Em 1922 participou ativamente da Semana de Arte Moderna, que teve grande influência na renovação da literatura e das artes no Brasil. Seu segundo livro de poesias, Paulicéia Desvairada, publicado no mesmo ano, marca para muitos o início da poesia modernista brasileira.<br /><br />Durante a década de 1920 continuou sua carreira literária, ao mesmo tempo que exercia a função de crítico musical e de artes plásticas na imprensa escrita. Em 1928 publicou seu romance mais conhecido, Macunaíma, considerado por muitos como uma das obras capitais da narrativa brasileira no século XX.<br /><br /><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Biografia</span><br /><br /></div><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Anos de formação</span><br /></div><br />Andrade nasceu em São Paulo, cidade onde morou durante quase toda a vida, no número 320, Rua Aurora, onde seus pais, Carlos Augusto de Moraes Andrade e Maria Luísa Leite Moraes Andrade também viveram. Em sua infância foi considerado um prodígio pianista. Ao mesmo tempo, estudou história, arte, e especialmente poesia. Dominava a língua francesa: durante sua infância leu Rimbaud e os principais poetas simbolistas francês. Embora escrevesse poesia desde a mais tenra idade (seu primeiro poema é datado de 1904), sua primeira vocação foi musical, em 1911 foi matriculado no Conservatório de São Paulo.<br /><br />Em 1913, seu irmão Renato, então com catorze anos, morreu de um golpe recebido enquanto jogava futebol, o que causou um profundo choque em Mario. Abandonou o conservatório e se retiou com a família para uma fazenda em Araraquara. Este incidente marcou o fim de sua carreira como pianista, já que produziu um tremor em suas mãos que impediu-o de tocar. Por isso, decidiu tornar-se professor de música, ao mesmo tempo que começa a ter um interesse mais sério pela literatura. Em 1917, quando completou seus estudos piano, publicou seu primeiro livro de poemas, Há uma Gota de Sangue em Cada Poema, com o pseudônimo Mario Sobral. O livro já contém inícios da crescente sensibilidade em direção ao autor as características distintivas da identidade brasileira, mas, como a maior parte da poesia brasileira produzida na época, não se destacava pela originalidade: é evidente a sua influência da escola européia, sobretudo francesa.<br /><br />Na sequência da publicação de seu primeiro livro de poemas, Andrade decidiu ampliar o âmbito de sua escrita. Deixou São Paulo e viajou para o campo. Iniciou uma atividade que continuaria a fazer durante o resto da vida: o meticuloso trabalho de documentação sobre a história e a cultura (especialmente música) no interior do Brasil, tanto em São Paulo quanto Minas Gerais, que deixou-se profundamente interessado pela arte barroca do período colonial, como nas áreas agrestes no nordeste do país. Publicou ensaios em jornais de São Paulo, algumas vezes ilustrados por suas próprias fotografias, e foi, acima de tudo, acumulando informações sobre a vida e folclore brasileiro. Apesar dessas viagens, Andrade ainda lecionava piano no Conservatório, e, em 1921, se tornou professor de História da Arte desta instituição.<br /><br /><div style="text-align: center;"><span style="font-style: italic; font-weight: bold;">Semana de Arte Moderna</span><br /></div><br />Mário de Andrade (sentado), Anita Malfatti (sentada, ao centro) e Zina Aita (à esquerda de Anita), em 1922.<br /><br />Ao mesmo tempo que Andrade efetuava seu trabalho como pesquisador do folclore brasileiro, fez amizade com um grupo de jovens artistas e escritores de São Paulo que, como ele, estavam interessados no modernismo europeu. Alguns deles mais tarde integrariam o chamado Grupo dos Cinco: ele próprio, Andrade, o poeta Oswald de Andrade (sem relação de parentesco com Mário de Andrade, apesar da coincidência de nomes) e Menotti del Picchia, além das pintoras Tarsila do Amaral e Anita Malfatti. Malfatti havia visitado a Europa nos anos anteiores a Primeira Guerra Mundial, e foi a introdutora do expressionismo no Brasil.<br /><br />Em 1922, ao mesmo tempo que preparava a publicação de Paulicéia desvairada, Andrade trabalhou com Malfatti e Oswald de Andrade em organizar um evento que se destinava a divulgar as criações do grupo modernista de São Paulo para uma audiência mais vasta: a Semana de Arte Moderna, que ocorreu no Teatro Municipal de São Paulo entre 11 e 18 de fevereiro. Além de uma exposição de pinturas de Malfatti e de outros artistas associados ao modernismo, durante esses dias foram realizadas leituras literárias e palestras sobre arte, música e literatura. Andrade foi o principal organizador e um dos mais ativos participantes do evento, que, apesar de inicialmente recebida com ceticismo, atraiu uma grande audiência. Andrade, na ocasião, apresentou o esboço do ensaio que viria a publicar em 1925, a A Escrava que não é Isaura.<br /><br />Os membros do Grupo dos Cinco continuaram trabalhando juntos durante a década de 1920, período durante o qual sua reputação cresceu e hostilidade por suas inovações foi gradualmente diminuindo. Mário de Andrade trabalhou, por exemplo, na "Revista de Antropofagia", fundada por Oswald de Andrade, em 1928. Mario e Oswald de Andrade foram os principais impulsionadores do movimento modernista brasileiro. De acordo com Paulo Mendes de Almeida, que era um amigo de ambos:<br /><br /><div style="text-align: center;"><span style="font-style: italic; font-weight: bold;">Missão de pesquisas folclóricas</span><br /></div><br />Em 1935, durante uma era de instabilidade do governo Vargas, organizou, juntamente com o escritor e arqueólogo Paulo Duarte, um Departamento de Cultura para a unificação da cidade de São Paulo (Departamento de Cultura e Recreação da Prefeitura Municipal de São Paulo), onde Andrade se tornou diretor. Em 1938 Mário de Andrade reuniu uma equipe com o objetivo de catalogar músicas do Norte e Nordeste brasileiros.<br /><br />Tinha como objetivo declarado, de acordo com a acta da sua fundação "conquistar e divulgar para todo país a cultura brasileira". O âmbito de aplicação do recém-criado Departamento de Cultura foi bastante ampla: a investigação cultural e demográfica, como construção de parques e recriações, além de importantes publicações culturais.<br /><br />Exerceu seu cargo com a ambição que o caracterizava: ampliar seu trabalho sobre música e folclore popular, ao mesmo tempo tempo organizar exposições e conferências. As missões resultaram um vasto acervo registrados em vídeo, áudio, imagens, anotações musicais, dos lugares percorridos pela Missão de Pesquisas Folclóricas, o que pode ser considerado como um dos primeiros projetos multimédia da cultura brasileira. O material foi dividido de acordo com o caráter funcional das manifestações: músicas de dançar, cantar, trabalhar e rezar. Trouxe sua coleção fonográfica cultura para o Departamento, formando uma Discoteca Municipal, que era possivelmente as melhores e maiores reunidas no hemisfério.<br />Mário em 12 de junho de 1927.<br /><br />Em um marco do Departamento de Cultura, Claude Lévi-Strauss, então professor visitante da Universidade de São Paulo, realizou pesquisas. Outro grande evento foi a Missão de Pesquisas Folclóricas, que 1938, visitou mais de trinta localidades em seis estados brasileiros em busca de material etnográfico, especialmente na música. A missão foi interrompida, no entanto, quando, em 1938, pouco depois de instaurado o Estado Novo (do qual era contrário), por Getúlio Vargas, Mário demitiu-se do departamento.<br /><br />Mário de Andrade também foi um dos mentores e fundadores do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, junto com o advogado Rodrigo de Melo Franco de Andrade. Limitações de ordem política e financeira impediram a realização desse projeto (que seria caracterizado por uma radical investida no inventário artístico e cultural de todo o país), restringindo as atribuições do instituto, fundado em 1937, à preservação de sítios e objetos históricos relacionados a fatos políticos históricos e ao legado religioso no país.<br /><br />Mudou-se para o Rio de Janeiro para tomar posse de um novo posto na UFRJ, onde dirigiu o Congresso da Língua Nacional Cantada, um importante evento folclórico e musical. Em 1941 retornou para São Paulo e voltou ao antigo posto do Departamento de Cultura, apesar de não trabalhar com a mesma intensidade que antes.<br /><br />Andrade morreu em sua residência em São Paulo devido a um enfarte do miocárdio, em 25 de fevereiro de 1945, quando tinha 52 anos. Dadas as suas divergências com o regime, não houve qualquer reação oficial significativa antes de sua morte. Dez anos mais tarde, porém, quando foram publicados em 1955, Poesias completas, quando já havia falecido Vargas, começou a consagração de Andrade como um dos principais valores culturais no Brasil. Em 1960 foi dado o seu nome à Biblioteca Municipal de São Paulo.<br /><br /><div style="text-align: center;"><span style="font-style: italic; font-weight: bold;">Obra</span><br /></div><br />A sua segunda obra, Paulicéia desvairada, colocou-o entre os pioneiros do movimento modernista no Brasil, culminando, em 1922, como uma das figuras mais proeminentes da histórica Semana de Arte Moderna. Alguns dos seus livros de poesia mais conhecidos são: Losango cáqui, Clã do jabuti, Remate de males, Poesias e Lira paulistana.<br /><br /><div style="text-align: center;"><span style="font-style: italic; font-weight: bold;">Paulicéia desvairada</span><br /></div><br />O "prefácio interessantíssimo" é o prefácio de Mário de Andrade ao seu próprio livro Paulicéia Desvairada, considerado a base do modernismo brasileiro.mundocultural Abre com uma citação do escritor belga Émile Verhaeren, que é o autor de Villes Tentaculaires. O prefácio não fala do livro mas sim de uma atitude geral perante a literatura. É uma espécie de manifesto poético, em versos livres.<br /><br />No início do Prefácio ele próprio denuncia a sua atitude. Depois de afirmar que “está fundado o Desvairismo”, afirma que o seu texto é meio a sério meio a brincar. O que lhe dá um caráter inconfundível de, por um lado, programa poético e, por outro, paródia. Assim o sério e o divertimento se misturam num todo sem fronteiras definidas. Repare-se ainda que é um texto muito assertivo, provocativo e polêmico no que é característico o Modernismo.<br /><br />Num estilo rápido e solto, com idéias truncadas, e que atinge um efeito de grande dinamismo. Mário de Andrade luta por uma expressão nova, por uma expressão que não esteja agarrada a formas do passado: “escrever arte moderna não significa jamais para mim representar a vida atual no que tem de exterior: automóveis, cinema, asfalto.”<br /><br />Outra das idéias expressas por Mário de Andrade neste Prefácio/Manifesto é que a língua portuguesa é uma opressão para a livre expressão do escritor no Brasil. Assim ele afirma que “A língua brasileira é das mais ricas e sonoras”. Para reforçar esta idéia do brasileiro como língua, grafa propositadamente a ortografia de modo a ficar com o sotaque brasileiro. Assim aparece muitas vezes neste manifesto “si” em vez de “se”. Neste ponto está a ser completamente contra os poetas parnasianos que defendiam uma idéia de que a língua portuguesa seria a língua dos bons e grandes escritores do passado. Neste ponto, Mário de Andrade é um nacionalista. Mas não admira Marinetti. É contra a rima. E contra todas as imposições externas. “A gramática apareceu depois de organizadas as línguas. Acontece que meu inconsciente não sabe da existência de gramáticas, nem de línguas organizadas”. “Os portugueses dizem ir à cidade. Os brasileiros, na cidade. Eu sou brasileiro”. (Citado por Celso Pedro Luft).<br /><br />A idéia talvez mais importante deste Prefácio é a de Polifonia e de Liberdade. "Arroubos... Lutas... Setas... Cantigas... povoar!" (trecho da poesia Tietê) Estas palavras não se ligam. Não formam enumeração. Cada uma é frase, período elíptico, reduzido ao mínimo telegráfico".<br /><br />Publicou, em 1928, Macunaíma o herói sem nenhum caráter e Ensaio sobre a Música Brasileira.<br /><br />Em 1938 transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde exerceu o cargo de diretor do Instituto de Artes na antiga Universidade do Distrito Federal (hoje Universidade Estadual do Rio de Janeiro). Regressando a São Paulo em 1942, regeu durante muitos anos a cadeira de História da Música no Conservatório Dramático e Musical.<br /><br />Possuidor de uma cultura ampla e profunda erudição, foi o fundador e primeiro diretor do Departamento de Cultura de São Paulo da Prefeitura Municipal de São Paulo, onde implantou a Sociedade de Etnologia e Folclore, o Coral Paulistano e a Discoteca Pública Municipal.<br /><br />Foi amigo e compartilhou os ideais estéticos modernistas de Oswald de Andrade.<br /><br />O próximo livro de poemas por Andrade, Losango cáqui (publicado em 1926, mas escrito em 1922), continua na mesma linha do trabalho anterior. Em Clá do jabuti (1927) e Remate de males (1930), faz amplo uso da sua pesquisa etnográfica.<br /><br />Desde 1930, coincidindo com a Revolução 1930, a sua poesia sofre mudanças. Parte do seu trabalho posterior, como Poesia (1942), é resvala para um tom mais íntimo e sereno, embora mantenha uma outra linha de acusação e de política social, com obras como O Carro da miséria e Lira paulistana(1946).<br /><br />Neste último trabalho pertence um longo poema intitulado "Meditação sôbre o Tietê", um livro denso e complexo, pelos críticos, foi descrito como eu primeiro trabalho "sem importância", apesar de as recentes críticas sobre o poema se manifestem mais animadoras. David T. Paterson comparou a Paterson, poema de William Carlos Williams, um inacabado poema épico com uma construção extremamente complexo. A Meditação é um poema sobre a cidade e concentra-se no rio Tietê, que atravessa São Paulo. O poema é simultaneamente uma suma da trajetória poética de Andrade, em diálogo com outros poemas escritos muito antes, amor e um poema ao rio e a cidade em si.<br /><br />Mario de Andrade foi também um excelente narrador. Escreveu vários contos, como em coleções Primeiro andar (1926) e Contos Novos (1946), bem como crônicas (Os Filhos da Candinha, 1945). Ele foi o autor de dois romances: Amar, verbo intrasitivo (1927) e Macunaíma (1928). O primeiro causou um escândalo na época, uma vez que reconta iniciação sexual de um adolescente com uma mulher madura, um alemão institutriz contratado pelo pai do jovem.[9] O segundo, que desde sua primeira edição, é apresentada como uma rapsódia, e não como romance, é considerado um dos romances de capitais da literatura brasileira.<br /><br />A inspiração para este romance Andrade veio da leitura do trabalho etnográfico do alemão Koch-Grünberg, que no livro Von Roraima zum Orinoco, recolheu lendas e histórias dos índios taulipangues e arecunás, da Venezuela e Amazônia brasileira. A partir desses materiais, Andrade criou o que ele chamou rapsódia, um termo ligado à tradição oral da literatura, e está também relacionada com a atividade do autor como a música.<br /><br />O protagonista, o indígena Macunaíma, chamado de "o herói sem nenhum caráter".<br /><br /><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Bibliografia</span><br /></div><ul><li>Há uma gota de sangue em cada poema, 1917</li><li>Paulicéia desvairada, 1922</li><li>A escrava que não é Isaura, 1925</li><li>Losango cáqui, 1926</li><li>Primeiro andar, 1926</li><li>A clã do jabuti, 1927</li><li>Amar, verbo intransitivo, 1927</li><li>Ensaios sobra a música brasileira, 1928</li><li>Macunaíma, 1928</li><li>Compêndio da história da música, 1929 (reescrito como Pequena história da música brasileira, 1942)</li><li>Modinhas imperiais, 1930</li><li>Remate de males, 1930</li><li>Música, doce música, 1933</li><li>Belasarte, 1934</li><li>O Aleijadinho de Álvares de Azevedo, 1935</li><li>Lasar Segall, 1935</li><li>Música do Brasil, 1941</li><li>Poesias, 1941</li><li>O movimento modernista, 1942</li><li>O baile das quatro artes, 1943</li><li>Os filhos da Candinha, 1943</li><li>Aspectos da literatura brasileira 1943 (alguns dos seus mais férteis estudos literários estão aqui reunidos)</li><li>O empalhador de passarinhos, 1944</li><li>Lira paulistana, 1945</li><li>O carro da miséria, 1947</li><li>Contos novos, 1947</li><li>O banquete, 1978</li><li>Será o Benedito!, 1992<br /></li></ul><div style="text-align: center;"><span style="font-style: italic; font-weight: bold;">Antologias</span><br /></div><ul><li>Obras completas, publicação iniciada em 1944, pela Livraria Martins Editora, de São Paulo, compreendendo 20 volumes.</li><li>Poesias completas, 1955 </li><li>Poesias completas, editora Martins - São Paulo, 1972<br /></li></ul><br /><div style="text-align: center;"><span style="font-style: italic; font-weight: bold;">Homenagens</span><br /></div><ul><li>Foi escolhido como Patrono da Cadeira n. 40 da Academia Brasileira de Música.</li></ul></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5324720550438832394.post-6329392531320405862008-11-02T11:10:00.000-08:002008-11-02T12:35:51.310-08:00Anita Malfatti<div style="text-align: center;"><img style="width: 212px; height: 254px;" alt="" src="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/Anita_Malfatti_jovem_1912.jpg" /><br /></div><span style="font-weight: bold;"><br /></span><div style="text-align: justify;"><span style="font-weight: bold;">Anita Catarina Malfatti</span> (São Paulo, 2 de dezembro de 1889 — São Paulo, 6 de novembro de 1964) foi uma pintora, desenhista, gravadora e professora brasileira.<br /></div><br /><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Biografia</span><br /></div><br /><div style="text-align: justify;">Filha do engenheiro italiano Samuel Malfatti e de Betty Krug, americana, mas de família alemã, foi a primeira artista brasileira a aderir ao modernismo, tendo sido uma das expositoras da mostra, realizada no Teatro Municipal de São Paulo, que fazia parte da Semana de Arte Moderna de 1922.<br /><br />Segunda filha do casal, nasceu com atrofia no braço direito. Aos três anos de idade foi levada pelos pais a Lucca, na Itália, na esperança de corrigir o defeito congênito. Os resultados do tratamento médico não foram animadores e Anita teve que carregar essa deficiência pelo resto da vida. Voltando ao Brasil, teve a sua disposição Miss Browne, uma governanta alemã, que a ajudou no desenvolvimento do uso da mão esquerda e no aprendizado da arte e da escrita.<br /><br />Iniciou seus estudos em 1897 no Colégio São José de freira católicas, situado à rua da Glória. Aí foi alfabetizada. Posteriormente passa a estudar na Escola Americana e em seguida no Mackenzie College onde, em 1906, recebe o diploma de normalista.<br /></div><br /><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Surge a pintora</span><br /></div><br /><div style="text-align: justify;">Nesse meio tempo falece Samuel Malfatti, esteio moral e financeiro da família. Sem recursos, D.Betty, para sustentar a família, passa a dar aulas particulares de idiomas e também de desenho e pintura. Chegou a submeter-se à orientação do pintor Carlo de Servi para com mais segurança ensinar suas discípulas. Anita acompanhava as aulas e nelas tomava parte. Foi portanto sua própria mãe quem lhe ensinou os rudimentos das artes plásticas.<br /><br />"Eu tinha 13 anos, e sofria porque não sabia que rumo tomar na vida. Nada ainda me revelara o fundo da minha sensibilidade[...]Resolvi, então, me submeter a uma estranha experiência: sofrer a sensação absorvente da morte. Achava que uma forte emoção, que me aproximasse violentamente do perigo, me daria a decifração definitiva da minha personalidade. E veja o que fiz. Nossa casa ficava próxima da estação da Barra Funda. Um dia saí de casa, amarrei fortemente as minhas tranças de menina, deitei-me debaixo dos dormentes e esperei o trem passar por cima de mim. Foi uma coisa horrível, indescritível. O barulho ensurdecedor, a deslocação de ar, a temperatura asfixiante deram-me uma impressão de delírio e de loucura. E eu via cores, cores e cores riscando o espaço, cores que eu desejaria fixar para sempre na retina assombrada. Foi a revelação: voltei decidida a me dedicar à pintura."Anita Malfatti.<br /></div><br /><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Na Alemanha</span><br /></div><br /><div style="text-align: justify;">Anita pretendia estudar em Paris, mas sem a ajuda do pai, parecia impossível, tendo em vista que sua avó vivia entrevada numa cama e sua mãe passava o dia dando aulas de pintura e de idiomas.<br /><br />Anita tinha umas amigas, as irmãs Shalders, que iam viajar à Europa para estudar música. Assim surgiu a idéia de acompanha-las à Alemanha e seu tio e padrinho Jorge Krug aceitou financiar a viagem.<br /><br />Anita e as Shalders chegaram em Berlim em 1910, ano marcante na história da Arte Moderna alemã.<br /><br />"Os acontecimentos precipitavam-se tão depressa, que eu me lembro de ter vivido como dentro de um sonho. Nada do que acontecia se assemelhava com o que havia acontecido no Brasil."<br /><br />"Comprei incontinente uma porção de tintas, e a festa começou" Anita Malfatti.<br /><br />Berlim era então o grande centro musical da Europa. O grupo Die Brucke fazia diversas exposições expressionistas e foi na Alemanha que Anita travou contato com a vanguarda européia.<br /><br />Acompanhando suas amigas às aulas no centro musical, acabou recebendo a sugestão para estudar no ateliê do artista Fritz Burger.<br /><br />Fritz Burger era um retratista que dominava a técnica impressionista. Foi o primeiro mestre de Anita. Ao mesmo tempo, prestou os exames para ingressar na Real Academia de Belas Artes.<br /><br />Durante as férias de verão, Anita e as amigas foram as montanhas de Harz, em Treseburg, região frequentada por pintores. Continuando sua viagem, visitou a 4° Sonderbund, uma exposição que aconteceu em Colônia na Alemanha, na qual conheceu o trabalho de Van Gogh.<br /><br />Teve aulas também com Lovis Corinth nome bem mais conhecido do que seu primeiro mestre. Corinth, um tipo bem germânico, não tinha a menor paciência com seus alunos. Mas com Anita era diferente. Talvez porque alguns anos antes sofrera um AVC que, como sequela, lhe deixara alguma dificuldade motora.<br /><br />Anita estava cada vez mais interessada pela pintura expressionista, desejava aprender sua técnica. Em 1913, inicia aulas com o professor Ernest Bischoff Culm.<br /><br />Com a instabilidade causada pela aproximação da guerra, Anita Malfatti resolve deixar Berlim.<br /></div><br /><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Primeira exposição individual</span><br /></div><br /><div style="text-align: justify;">" Voltando ao Brasil, só me perguntavam pela Mona Lisa, pela glória da Renascença,e eu... nada"<br /><br />"Minha família e meus amigos, eram de opinião de que eu deveria continuar meus estudos de pintura. Achavam meus quadros muito crus,mas, felizmente, muito fortes, o que prometia para o futuro uma pintura suave, quando a técnica melhorasse" Anita Malfatti.<br /><br />São Paulo, 1914, Anita tinha 24 anos e, com mais de 4 anos de estudo na Europa, finalmente voltava para o seio familiar. A cidade crescia, mas o ambiente artistico ainda era incipiente, o gosto de arte prodominante ainda era acadêmico. Ao mostrar suas obras - nada acadêmicas - Anita tentava explicar os avanços da arte na Europa, onde os jovens haviam levado às últimas consequencias as conquistas vindas do impressionismo .<br /><br />Anita ainda continuava firme no desejo de partir mais uma vez em viagem de estudos. Sem condições financeiras, tentou pleitear uma bolsa junto ao Pensionato Artístico do Estado de São Paulo. Por essa razão, montou no dia 23 de maio de 1914, uma exposição com obras de sua autoria, exposição essa que ficou aberta até meados de junho.<br /><br />O senador Freitas Vale foi visitar a exposição. Dependia dele a concessão da bolsa. Mas o influente político não gostou das obras de Anita, chegando a criticá-las publicamente. Entretanto, independentemente da opinião do senador, a bolsa não seria concedida. Notícias do iminente início da guerra, fizeram com que o Pensionato as cancelasse. Foi aí que, mais uma vez financiada pelo tio, o engenheiro e arquiteto Jorge Krug, Anita embarca para os Estados Unidos.<br /></div><br /><div style="text-align: center;"><span style="font-style: italic; font-weight: bold;">Nos Estados Unidos</span><br /></div><br /><div style="text-align: justify;">"Aí começa o período maravilhoso de minha vida. Entrei na Independent School of Art de Homer Boss, quase mais filósofo que professor.{...}O maior progresso que fiz na minha vida foi nesta ilha e nesta época de ambientes muito especiais. Eu vivia encantada com a vida e com a pintura."<br /><br />" Era a poesia plástica da vida, era festa da forma e era a festa da cor"Anita Malfatti.<br /><br />No início de 1915, Anita Malfatti já se encontrava em Nova York e matriculada na tradicional Art Students League. Nessa escola, Anita ia de um professor a outro, na tentativa de encontrar o caminho que sonhava para seus trabalhos. Após 3 meses de estudos, desistiu de qualquer curso de pintura ou desenho na escola, trazendo em sua pintura a marcas do Expressionismo, dificilmente Anita se "encontraria" nessa Escola, sobre sua experiencia na instituição, escreveria de forma lacônica, mas muito claramente:"Fui aos Estados Unidos, entrei numa academia para continuar meus estudos, e que desilusão! O professor foi ficando com raiva de mim, e eu dele, até que um dia, a luz brilhou de novo. Uma colega me contou na surdina que havia um professor moderno,um grande filósofo, incompreendido e que deixava os alunos pintarem à vontade. Na mesma tarde procuramos e professor, claro" O tal professor, era Homer Boss, artista hoje quase esquecido pelos estudiosos de arte norte-americana.<br /><br />No verão, Homer Boss levou os aluno para pintar na costa do Maine . Esse estado litorâneo mais ao nordeste, fronteira com o Canadá, tornara-se há muito, o refúgio dos artistas. Passado o verão, Anita se matriculou na Independent School of Art. Em meados de 1916, preparava-se para voltar ao Brasil.<br /></div><br /><div style="text-align: center;"><span style="font-style: italic; font-weight: bold;">De volta ao Brasil</span><br /></div><br /><div style="text-align: justify;">Em 1916, Anita se encontrava de novo em casa, no aconchego familiar... "Eram caixões de obras de arte, desenhosm gravuras e quadros de todos os tamanhos.Minha família e meus amigos estavam curiosos para ver meus trabalhos.Mas que efeito!"Anita Malfatti.<br /><br />Nada daquilo que Anita trazia dos Estados Unidos, se assemelhava à " pintura suave", nada daquilo esperado e imaginado por seus amigos e parentes. Sua força masculina que causara estranhesa na sua primeira individual em 1914 atigira o ponto máximo de seu exageros.Anita inconscientemente, "rompera" com as regras táticas da pintura acadêmia tão acalentada por seus parentes. A surpresa e a incompreensão, foram inevitáveis.As oubras que a pintora trouxe dos Estados Unidos, deixaram em sua familia uma sensação tão grotestca, que o mal estar, durou por anos, é fato que o assunto, tornou-se "tabu" entre os membros da familia, Anita diria depois lacônicamente:"Quando viram minhas telas, todos acharam-nas feias, dantescas, e todos ficaram tristes, não eram os santinhos dos colégios.Guardei as telas."<br /><br />Depois, seria mais específica, dizendo:"Ficaram desapontados e tristes. Meu tio,Dr. Jorge Krug, que tanto interesse teve na minha educação,ficou muito aborrecido. Disse ele:'Isto não é pintura, são coisas dantescas'" A expressão " coisas dantescas", ficaria para sempre gravada na mente e no coração de Anita. A incompreensão foi geral. Anita, lolgo se deu conta, do quanto suas telas, que traduziam sua alma, estavam distantes das do ambiente acadêmico que a rodeava. No mesmo depoimento de 1951, a pintora lembraria:"Então, pela primeira vez em minha vida, comecei a entristecer-me pois estava certa de que me trabalho era bom; tanto os modernos franceses como os americanos haviam dito espontaneamente, desinteressadamente. Só desejei esconder meus quadros, já que, para me consolar, ou outros acharam que eu podia pintar como quisesse. Eles estavam desconsolados, porque me queriam bem. Entretanto eu sabia que aquela crítica não tinha fundamento, especialmente porque estava dentro de um regime completamente emocional. Eu nunca havia imitado a ninguém; só esperava com alegria que surgisse, dentro da forma e da cor aparente a mudança; eu pintava num diapasão diferente, e era essa música da cor, que me confortava e enriquecia minha vida." Anita Malfatti.<br /></div><br /><div style="text-align: center;"><span style="font-style: italic; font-weight: bold;">A exposição de 1917</span><br /></div><br /><div style="text-align: justify;">Aos 28 anos, Anita Malfatti abria em São Paulo sua segunda individual e o catálogo de obras ia até 53 peças de sua lavra. As reações à exposição foram as mais diversas possíveis. Em 14 de dezembro o Correio Paulistano, num trecho, comentava: "A exposição da senhorita Malfatti, toda ela de pintura moderna, apresenta um aspecto original e bizarro, desde a disposição dos quadros aos motivos tratados em cada um deles. De uma rápida visita ao catálogo, o visitante há de inteirar-se logo do artista que vai observar. Tropical e Sinfonia colorida, são nomes que qualquer pintor daria até a uma paisagem, menos a uma figura, como tão bem fez a visão impressionista de sua autora. Essencialmente moderna, a arte da senhorita Malfatti, se distancia consideravelmente dos métodos clássicos. A figura ressalta, do fundo do quadro, como se nos apresentasse, em cada traço, quase violento, uma aresta do caráter do retratado. A paisagem é larga, iluminada, quase sempre tocada de uma luz crua, meridiana, que põe em relevo as paredes alvas, num embaralhamento de vilas sertanejas, onde a minudência se afasta para a mais forte impressão do conjunto."<br /><br />Os acontecimentos a partir da primeira semana se deram de forma tão rapida e surpresa, que Anita só se atreveria a narra-los 34 anos depois:"A pricípio foram os meus quadros muito bem aceitos, e vendi, nos primeiros dias, oito quadros. Em geral depois da primeira surpresa, acharam minha pintura perfeitamente normal. Qual não foi a minha surpresa quando apareceu o artigo crítico de Monteiro Lobato."Anita Malfatti.<br /><br />"Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que vêem normalmente as coisas e em consequência disso fazem arte pura... Se Anita retrata uma senhora com cabelos geometricamente verdes e amarelos, ela se deixou influenciar pela extravagância de Picasso e companhia- a tal chamada arte moderna..". Após o artigo de Lobato, as telas vendidas foram devolvidas, algumas quase foram destuidas a bengaladas, o artigo gerou uma verdadeira catilinária de trechos em jornais, contra Anita. A primeira voz que se levantou em defesa de Anita, foi a de Oswald de Andrade. Num artigo de jornal, ele elogiou o talento de Anita e parabenizou pelo simples fato de ela não ter feito cópias. Pouco depois, jovens artistas e escritores, possuidos pelo desejo de mudaça que as obras de anita suscitaram, uniam-se a ela, como: Mário e Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia, Guilherme de Almeida. Na tentativa de ser aceita como artista em sua cidade, Anita inicia estudos com o pintor acadêmico Pedro Alexandrino, em busca de d uma reestruturação. O artigo inflamado de Monteiro Lobato contra Anita, deixaria marcas profundas, na vida e na obra da artista.<br /></div><br /><div style="text-align: center;"><span style="font-style: italic; font-weight: bold;">A Semana de Arte Moderna de 1922</span><br /></div><br /><div style="text-align: justify;">Após a enorme confusão causada pelo artigo de Lobato, a vida de Anita Malfatti começou a ter certa normalidade, o tempo que se seguiu após a exposição, foi de assimilação do novo, da percepção daquilo que até então não fora nem sonhado.<br /><br />"Parece absurdo, mas aqueles quadros foram a revelação. E ilhados na enchente que tomara conta da cidade,nós, três ou quatro, delirávamos de êxtase diante de obras que se chamavam O homem amarelo, A mulher de cabelos verdes."<br /><br />"Assisti bem de perto essa luta sagrada e palavra que considero a vida artística de Anita Malfatti um desses dramas pesados que o isolamento dos indivíduos apaga para sempre feito segredo mortal.O povo passa, povo olha o quadroe tudo neste mostra vontade e calma bem definidas.O povo segue seu caminho depois de ter aplaudido a obra boa sem saber que poder de miserinhas cotidianas maiores que o Pão de Açúcar aquela artista bebeu diariamente com o café da manhã" Mário de Andrade.Após o périodo de recesso, a semana de arte moderna, mais uma vez, movimentou a vida artisca insipida de São paulo. Anita participou dela, com 22 trabalhos.<br /><br />"Recordo-me que no dia da inauguração, o velho conselheiro Antônio Prado, com grande espanto da comitiva,quis comprar meu quadro O homem amarelo, porém, Mário de Andrade acabava de adiquiri-lo. A plantinha havia vingado"<br /><br />" Foi a noitada das surpresas.O povo estava muito inquieto, mas não houve vaias.O teatro completamente cheio.Os ânimos estavam fermentando;o ambiente eletrizante,pois que não sabiam como nos enfrentar.Era o prenúncio da tempestade que arrebentaria na segunda noitada"<br /><br />Anita estava feliz entre o círculo modernista, uma vez que eles vinham de encontro à suas aspirações artisticas, entraria também para comentando grupo dos cinco.<br /></div><br /><div style="text-align: center;"><span style="font-style: italic; font-weight: bold;">A Europa nos loucos anos 20</span><br /></div><br /><div style="text-align: justify;">" Mário de Andrade lia uma conferência.Ao terminar a leitura,Dr. Freitas valle num grande gesto levantou-se de seu trono e encaminhou-se para mim,o que me assustou de tak maneira que perdi controle...Ele realemente chegou-se para junto de mim e disse mesmo de verdade que eu poderia embarcar para a Europa em viagem de estudos...- qualquer coisa me coisa me aconteceu, não sei se voei pelo telhado ou se afundei no chão...então surgiu uma dama, eu não a conhecia, que me reconfortou e rindo-se muito da minha confusão, afirmava ser aquilo verdade... Era Dona Olívia..."Dessa forma, Anita embarcava mais uma vez, em viagem de estudos para a Europa, ou melhor dizendo,para Paris, seriam 5 anos de estudo pela bolsa do pensionato, esse seria o ultimo e o mais longo perido de Anita fora do Brasil. Anita embarcou em agosto de 1923, pelo vapor MOSELLA, rumo a Paris. Aquela jovem baixa, com o lenço displicentemente esquecido sobre a mão direita, tinha então 33 anos. Mário de Andrade que não conseguiu chegar a tempo da partida de Anita, enviara para Anita o seguinte telegrama:<br /><br />" Querida amiga choro de raiva automóvel maldito escrevo hoje contando minha saudade e desespero perdoa mil beijos nas tuas mãos divinas boa viagem felicidades. Mário. São Paulo-21-8-1923.".A guerra que perdurara por anos, pôs um ponto final aos hábitos e costumes da belle époque, foi falata também para o academismo, seus antigos espaços eram agora ocupados pela arte moderna, que com grande vitória e sucesso se espalhara por todos os cantos, e continuava em expansão acelerada, nos salões, galerias e coleções.Há muito tempo, Paris atraia os artistas brasileiros- que eram e continuaram acadêmicos- agora, nesse 1923, os modernismo brasileiro estava em Paris, atualizando-se.<br /><br />E Anita estava lá, na tentativa incansável de se encontar, apesar das muitas dúvidas que ainda tinha em relação a que caminho seguir na sua arte, Anita não deixou de trabalhar, de produzir.Logo no início do estágio francês, Anita parece ter se " aconselhado" com o pintor Maurice Denis, posivelmente atraída pelos aspectos da pintura religiosa.Nesse ultimo estágio,uma das características mais fortes de Anita, era a busca por uma postura menos polêmica na arte, se for comparar com a época norte-americana, a impressão que se tem, é de que ela procurava por uma espécie de classicismo moderno.Na Escola de Paris ,no pós-guerra, muitos pintores das mais diversas origens, passvam pela experiência da releitura da arte de séculos passados, como Picasso, por exemplo.Nessa fase, que pode-se dizer," Um aprender de novo", Anita testou várias possibilidades, e frequentemente produzia obras interessantes.Estudou muito, aprendeu muito, mas perdeu um pouco, um pouco da sua audácia, com aquela urgência constante de " se contar " á tela, agora se continha, obedecendo as ordens formais da pintura.Nesses cinco anos, a crítica francesa notaria o trabalho da pioneira, algumas telas como Interior de Mônaco", A dama de azul Interior de igreja e A nulher do Pará , seriam as obras mais destacas pela crítica internacional nesses anos de estudo, e apresentação.A c´ritica francesa seria unânime também nos elogios feitos aos desenhos : "Seja: mas os desenhos?Sua personalidade única torna impossível toda tentativa de apadrinhamento,mesmo suntuoso.[...]Quanto aos desenhos de nus, de uma fatura tão pessoal, tão nítida, poucos artistas de escola moderna podem apresentá-los tão notáveis.A crítica foi unânime a este respeito".<br /><br />As telas interiores-exteriores, ocupados por uma figura feminina, e as exteriores-interiores, também com figuras femininas, seriam a produção mais válida e permanente de Anita do estágio francês, com suas " mulheres" solitárias, reclinadas ao balcão,assim,Anita Malfatti entremostrava sua solidão.<br /></div><br /><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Obras</span><br /></div><ul><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/a0865.jpg">Paisagem Rural</a></li><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/a0850.jpg">Menina Lendo</a></li><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/a0838.jpg">O Violeiro e a Daminha no Engenho</a></li><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/a0824.jpg">Vaso de Flores</a></li><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/a0815.jpg">Pé de Jabuticaba</a></li><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/a0744.jpg">A Bailarina</a></li><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/a0687.jpg">Nossa Senhora Auxiliadora e D. Bosco</a></li><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/a0581.jpg">Paisagem de Santo Amaro</a></li><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/a0565.jpg">Paisagem</a></li><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/a0425.jpg">Mulher no Espelho</a></li><li><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/anita2.jpg"><span style="font-style: italic;">O Homem Amarelo</span></a></li><li><span style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/a0718.jpg">Vaso de Flores</a></span></li><li style="font-family: arial; color: rgb(0, 0, 0); font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/torso.jpg"><span style="font-size:100%;"><span style="font-size:100%;">T<span style="font-size:100%;">orso/Ritm</span></span><span style="font-size:100%;">o</span></span></a></li><li style="font-family: arial; color: rgb(0, 0, 0); font-style: italic;"><span style="font-size:100%;"><span style="font-size:100%;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/boba.jpg">A Boba</a><br /></span></span></li><li style="font-family: arial; color: rgb(0, 0, 0); font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/1779G.jpg"><span style="font-size:100%;"><span style="font-size:100%;">Gladíolos (Palmas de Santa Rita)</span></span></a></li><li style="font-family: arial; color: rgb(0, 0, 0); font-style: italic;"><span style="font-size:100%;"><span style="font-size:100%;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/nucubista.jpg">Nu Cubista</a></span></span></li><li style="font-family: arial; color: rgb(0, 0, 0); font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/006307001013.jpg"><span style="font-size:100%;"><span style="font-size:100%;">A Estudante Russa</span></span></a></li><li style="font-family: arial; color: rgb(0, 0, 0); font-style: italic;"><span style="font-size:100%;"><span style="font-size:100%;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/006313001013.jpg">A Mulher de Cabelos Verdes</a></span></span></li><li style="font-family: arial; color: rgb(0, 0, 0); font-style: italic;"><span style="font-size:100%;"><span style="font-size:100%;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/tropical.jpg">Tropical</a></span></span></li><li style="font-family: arial; color: rgb(0, 0, 0); font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/anita.jpg"><span style="font-size:100%;"><span style="font-size:100%;">O Japonês</span></span></a></li><li style="font-family: arial; color: rgb(0, 0, 0); font-style: italic;"><span style="font-size:100%;"><span style="font-size:100%;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/anita_malfati_ofarol.jpg">O Farol de Monhegan</a></span></span></li><li style="font-family: arial; color: rgb(0, 0, 0); font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/006384001013.jpg"><span style="font-size:100%;"><span style="font-size:100%;">O Barco</span></span></a></li><li style="font-family: arial; color: rgb(0, 0, 0); font-style: italic;"><span style="font-size:100%;"><span style="font-size:100%;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/006317001013.jpg">A Ventania</a></span></span></li><li style="font-family: arial; color: rgb(0, 0, 0); font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/102_2003.jpg"><span style="font-size:100%;"><span style="font-size:100%;">O Homem de Sete Cores</span></span></a></li><li style="font-family: arial; color: rgb(0, 0, 0); font-style: italic;"><span style="font-size:100%;"><span style="font-size:100%;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/AnitaMalfati.jpg">Auto-Retrato de Anita Malfatti</a></span></span></li><li style="font-family: arial; color: rgb(0, 0, 0); font-style: italic;"><span style="font-size:100%;"><span style="font-size:100%;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/a0648.jpg">Paisagem do Rio de Janeiro Com o Corcovado ao Fundo</a></span></span></li><li style="font-family: arial; color: rgb(0, 0, 0); font-style: italic;"><span style="font-size:100%;"><span style="font-size:100%;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/a0664.jpg">Paisagem (Acesso ao Monte Serrat - Santos - SP)</a><br /></span></span></li><li style="font-family: arial; color: rgb(0, 0, 0); font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/a0732.jpg"><span style="font-size:100%;"><span style="font-size:100%;">Caipirinha</span></span></a></li><li style="font-family: arial; color: rgb(0, 0, 0); font-style: italic;"><span style="font-size:100%;"><span style="font-size:100%;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/_st7w7bdNf-M/RkOFWVGu_mI/AAAAAAAAEbw/7lFPNWFZr60/s1600/a0733.jpg">Fazendinha</a><br /></span></span></li></ul><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Brasil 1928</span><br /></div><br /><div style="text-align: justify;">No final de setembro de 1928, Anita já se encontrava no Brasil.<br /><br />"A ilustre artista mudou muito a arte dela[...]Também[...] vem encontrar os companheiros antigos bastante modificados e reforçados.Terá agora mais facilidade em ser compreendida e estimada no seu valor." Mário de Andrade.<br /><br />O ambiente artístico, encontrado por Anita na volta, era bem diferente do que deixara em 1923, o grupo inicial evoluíra muito, surgiam novos adeptos e novos movimentos. O número de artistas pláticos também crescera. Na chegada, Mário de Andrade- que não nos esqueçamos era o maior e melhor amigo de Anita- noticiou imediatamente sua chegada, relembrando quem era ela:<br /><br />"O nome de Anita Malfatti já está definitivamente ligado à história das artes brasileiras pelo papel que a pintora representou no início do movimento renovador comtemporâneo. Dotada duma inteligência cultivada e duma sensibilidade vasta, ela foi a primeira entre nós a sentir a precisão de buscar os caminhos mais contemporâneos de expressão artística, de que vivíamos totalmente divorciados, banzando num tradicionalismo acadêmico que já não correspondia mais a nenhuma realidade brasileira nem internacional".<br /><br />Em 1929 abria em São Paulo, sua 4° individual. Depois de fechar sua exposição, até 1932, Anita dedicou-se ao ensino escolar. Retomou suas aulas na escola Normal Americana e foi trabalhar também na Escola Normal do Mackenzie College. Podemos dividir as fases artísticas de Anita Malfatti em três: a primeira seria quando define sua forma expressionista de pintar, a segunda seria a das dúvidas de que caminho seguir na arte. dos 20,30 e inicio dos anos 40, quando depois da morte de Mário de Andrade e de sua mãe, Dona Betty, seria transformada numa 3° Anita Malfatti, e recolhida na sua chácara em Diadema, iria finalmente, em paz consigo mesma " pintar à vontade" " à seu modo. A individual de 1945, prova essa unidade na pintura de Anita. A artista estava decidida em seu caminho de paz, na sua reclusão.<br /><br />"É verdade que eu já não pinto o que pintava há 30 anos.Hoje faço pura e simplesmente arte popular brasileira.É preciso não confundir:arte popular com folclore...[...]eu pinto aspectos da vida brasileira, aspectos da vida do povo.Procuro retratar os seus costumes,os seus usos,o seu ambiente.Procuro transportá-los vivos para as minhas telas.Interpretar a alma popular[...]eu não pinto nem folclore,nem faço primitivismo.Faço arte popular brasileira"<br /><br />Anita morreu, mas deixou vivo seus ideais, que quando realmente importantes, conseguem forças para mudar o rumo da historia.<br /><br /><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Não viu e não gostou</span><br /></div><br /><div style="text-align: justify;"> Lobato fora, desde o início de sua carreira, um pré-modernista. Irritado com os padrões oficiais de educação e cultura, desvinculou-se das normas padronizadas da literatura, criando um estilo livre, avançado, valorizando a cultura nacional e discutindo temas voltados internamente para os problemas brasileiros.<br /><br /> Ao contrário do que se imagina, Monteiro Lobato sequer foi à exposição de Anita Malfatti. Não viu nada e não gostou do que não viu.<br /><br /> Mas, em artigo virulento, publicado no jornal «O Estado de São Paulo», depois de criticar as extravagâncias de «Picasso & Cia.», o escritor assestou as baterias contra Anita, esperando que as balas ricocheteassem, atingindo seu alvo principal, que eram modernistas, companheiros da pintora.<br /><br /> Foi uma reação inesperada, que espantou até os que conheciam o destempero do escritor, e inexplicável, pois sua editora, havia pouco tempo, publicara um livro do modernista Oswald de Andrade, cuja capa fora desenhada justamente por Anita Malfatti.<br /><br /></div><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Paranóia ou mistificação</span><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /> Usando como título: «Paranóia ou mistificação – A propósito da exposição Malfatti,», Lobato ataca as «escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos de cultura excessiva... produtos do cansaço e do sadismo de todos os períodos de decadência» e, depois, explica o título de sua catilinária:<br /><br /> «Embora se dêm como novos, como precursores de uma arte a vir, nada é mais velho do que a arte anormal ou teratológica: nasceu como paranóia e mistificação.<br /><br /> «De há muito que a estudam os psiquiatras, em seus tratados, documentando-se nos inúmeros desenhos que ornam as paredes internas dos manicômios. A única diferença reside em que, nos manicômios, essa arte é sincera, produto lógico dos cérebros transtornados pelas mais estranhas psicoses;<br /><br /> «e fora deles, nas exposições públicas zabumbadas pela imprensa partidária mas não absorvidas pelo público que compra, não há sinceridade nenhuma, nem nenhuma lógica, sendo tudo mistificação pura.»<br /></div></div><br /><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Representações da artista em outras mídias</span><br /></div><br /><div style="text-align: justify;">Na minissérie Um Só Coração (2004), da Rede Globo, Anita Malfatti, foi representada pela atriz Betty Gofman.</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5324720550438832394.post-40428494178513484062008-11-02T09:57:00.000-08:002008-11-06T03:39:33.564-08:00Tarsila do Amaral<div style="text-align: justify;"><div style="text-align: center;"><img style="cursor: -moz-zoom-in; width: 217px; height: 258px;" alt="" src="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/rosto_tarsila.jpg" /><br /></div><span style="font-weight: bold; font-style: italic;"><br />Tarsila do Amaral</span> nasceu em 1º de setembro de 1886 na Fazenda São Bernardo, município de Capivari, interior do Estado de São Paulo. Filha de José Estanislau do Amaral e Lydia Dias de Aguiar do Amaral. Era neta de José Estanislau do Amaral, cognominado “o milionário” em razão da imensa fortuna que acumulou abrindo fazendas no interior de São Paulo. Seu pai herdou apreciável fortuna e diversas fazendas nas quais Tarsila passou a infância e adolescência.<br /><br />Estuda em São Paulo no Colégio Sion e completa seus estudos em Barcelona, na Espanha, onde pinta seu primeiro quadro, “Sagrado Coração de Jesus”, aos 16 anos. Casa-se em 1906 com André Teixeira Pinto com quem teve sua única filha, Dulce. Separa-se dele e começa a estudar escultura em 1916 com Zadig e Mantovani em São Paulo. Posteriormente estuda desenho e pintura com Pedro Alexandrino. Em 1920 embarca para a Europa objetivando ingressar na Académie Julian em Paris. Frequenta também o ateliê de Émile Renard. Em 1922 tem uma tela sua admitida no Salão Oficial dos Artistas Franceses. Nesse mesmo ano regressa ao Brasil e se integra com os intelectuais do grupo modernista. Faz parte do “grupo dos cinco” juntamente com Anita Malfatti, Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Menotti del Picchia. Nessa época começa seu namoro com o escritor Oswald de Andrade. Embora não tenha sido participante da “Semana de 22” integra-se ao Modernismo que surgia no Brasil, visto que na Europa estava fazendo estudos acadêmicos.<br /><br />Volta à Europa em 1923 e tem contato com os modernistas que lá se encontravam: intelectuais, pintores, músicos e poetas. Estuda com Albert Gleizes e Fernand Léger, grandes mestres cubistas. Mantém estreita amizade com Blaise Cendrars, poeta franco-suiço que visita o Brasil em 1924. Inicia sua pintura “pau-brasil” dotada de cores e temas acentuadamente brasileiros. Em 1926 expõe em Paris, obtendo grande sucesso. Casa-se no mesmo com Oswald de Andrade. Em 1928 pinta o “Abaporu” para dar de presente de aniversário a Oswald que se empolga com a tela e cria o Movimento Antropofágico. É deste período a fase antropofágica da sua pintura. Em 1929 expõe individualmente pela primeira vez no Brasil. Separa-se de Oswald em 1930.<br /><br />Em 1933 pinta o quadro “Operários” e dá início à pintura social no Brasil. No ano seguinte participa do I Salão Paulista de Belas Artes. Passa a viver com o escritor Luís Martins por quase vinte anos, de meados dos anos 30 a meados dos anos 50. De 1936 à 1952, trabalha como colunista nos Diários Associados.<br /><br />Nos anos 50 volta ao tema “pau brasil”. Participa em 1951 da I Bienal de São Paulo. Em 1963 tem sala especial na VII Bienal de São Paulo e no ano seguinte participação especial na XXXII Bienal de Veneza. Faleceu em São Paulo no dia 17 de janeiro de 1973.<br /><br /><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Cronologia</span><br /></div><ul><li>1886 - Nascimento, em Capivari, SP, filha de José Estanislau do Amaral e Lydia Dias de Aguiar do Amaral.</li><li>1906 - Casamento com André Teixeira Pinto.</li><li>1926 - Exposição em Paris. Casa-se com Oswald de Andrade.</li><li>1928, 11 de janeiro - Pinta o Abaporu (palavra indígena que significa "homem que come") para dar de presente de aniversário a Oswald de Andrade.</li><li>1933 - Pintura do quadro Operários. Dá início à pintura social no Brasil.</li><li>1934 - Participação no 1º Salão Paulista de Belas Artes.</li><li>1951 - Participação da I Bienal de São Paulo.</li><li>1973, 17 de janeiro - Falecimento em São Paulo, SP</li></ul><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Representações na cultura</span><br /></div><br /><div style="text-align: justify;">Tarsila do Amaral já foi retratada como personagem no cinema e na televisão, interpretada por Ester Góes no filme "Eternamente Pagu" (1987), Eliane Giardini nas minisséries "Um Só Coração" (2004) e "JK (minissérie)" (2006).<br /><br /><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Obras</span><br /></div><ul><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/oswald50.jpg">Retrato de Oswald de Andrade - 1923</a></li><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/estudonu50.jpg">Estudo (Nú) - 1923</a></li><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/saopaulogaso50.jpg">São Paulo (Gazo) - 1924</a></li><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/antropofagia501.jpg">Antropofagia - 1929</a></li><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/CUCA50.jpg">A Cuca - 1924</a></li><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/colegio50.jpg">Pátio com Coração de Jesus - 1921</a></li><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/chapeuazul50.jpg">Chapéu Azul - 1922</a></li><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/AUTORETRATO50.jpg">Auto-retrato - 1924</a></li><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/PESCADOR50.jpg">O Pescador - 1925</a></li><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/manteau_rouge.jpg">Manteau Rouge - 1923</a></li><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/NEGRA50.jpg">A Negra - 1923</a></li><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/saopaulo.jpg">São Paulo - 1924</a></li><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/_solpoente.jpg">Sol Poente - 1929</a></li><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/a_familia.jpg">A Família - 1925</a></li><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/vendedor50.jpg">Vendedor de Frutas - 1925</a></li><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/paisagemcomtouro50.jpg">Paisagem com Touro - 1925</a></li><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/Feira150.jpg">A Feira I - 1924</a></li><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/RELIGIAO50.jpg">Religião Brasileira - 1927</a></li><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/Lago50.jpg">O Lago - 1928</a></li><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/_a_gare.jpg">A Gare - 1925</a></li><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/_morro_da_favela.jpg">Morro da Favela - 1924</a></li><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/_coracao_jesus.jpg">Coração de Jesus - 1926</a></li><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/Ovo50.jpg">O Ovo ou Urutu - 1928</a></li><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/Lua50.jpg">A Lua - 1928</a></li><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/ABAPORU50.jpg">Abaporu - 1928</a></li><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/CARNAVAL50.jpg">Carnaval em Madureira - 1924</a></li><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/CARTAOPOSTAL50.jpg">Cartão Postal - 1928</a></li><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/anjos50.jpg">Anjos - 1924</a></li><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/EFCB50.jpg">EFCB (Estação Central do Brasil) - 1924</a></li><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/OPERARIOS50.jpg">Operários - 1933</a></li><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/MANACA50.jpg">Manacá - 1927</a></li><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/omamoeiro50.jpg">O Mamoeiro - 1925</a></li><li style="font-style: italic;"><a href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/pastoral50.jpg">Pastoral - 1927</a></li><li><a style="font-style: italic;" href="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/sono50.jpg"><span>O Sono - 1928</span></a></li></ul><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Fases da Pintora</span><br /><br /><div style="text-align: justify;"> Tarsila, com sua obra, revolucionou a arte no Brasil. Ela iniciou seus estudos em São Paulo com Pedro Alexandrino, mestre acadêmico. Em Paris, no início dos anos vinte, estudou na Academia Julian e com Emile Renard, já aparecendo como artista de vanguarda. Dessa primeira fase de sua pintura temos como exemplo "A Samaritana", 1911; "Pátio do Colégio", 1921 e "Chapéu Azul", 1922.<br /><br /> Passou por uma fase impressionista, mas quando retornou ao Brasil em 1922, entrou em contato com o grupo modernista e começou a mudar sua pintura. Em 1923, de volta a Paris, entrou em contato com o cubismo (escola de pintura onde predominam figuras geométricas). Pintou "A Negra" e empolgou Fernand Léger, seu professor na época. Iniciou a pintura intitulada pau-brasil"" , onde a artista usou o cubismo como técnica, mas inovou colocando em suas telas temas e cores bem brasileiros. Tarsila criou o conceito de brasilidade, pois foi o "primeiro pintor" a usar as cores caipiras e a utilizar-se de temas do cotidiano do Brasil, lembrando-se muito de sua infância e adolescência vividas nas fazendas de seu pai. Dessa fase podem ser lembrados os quadros "Auto-retrato" ou "Manteau Rouge", 1923; "E.F.C.B.", 1924; "Carnaval em Madureira", 1924; "A Cuca", 1924; "Auto-Retrato", 1924; "O Pescador", 1925; "Religião Brasileira", 1927 e "Manacá", 1927.<br /><br /> Posteriormente, quando pintou o "Abaporu", em 1928, querendo causar impacto em seu marido Oswald de Andrade, Tarsila iniciou o Movimento Antropofágico no Brasil. Este movimento, liderado por Oswald, propunha a "deglutição" da cultura européia, tranformando-a em algo bem brasileiro, e a figura do "Abaporu" idealizava o processo da deglutição. Esta fase da pintura de Tarsila intitulada Antropofágica é a mais importante de sua carreira. Temos como exemplo dessa fase os quadros: "Abaporu", 1928; "O Lago", 1928; "O Ovo" ou "Urutu", 1928; "A Lua",1928; "Cartão Postal", 1929 e "Antropofagia", 1929.<br /><br /> Em 1933, depois de visitar a ex-URSS, pintou o quadro "Operários". Assim, mais uma vez precursora, Tarsila iniciou a pintura com temas sociais no Brasil. Nessa fase pintou também "Segunda Classe". Nos anos cinquenta a artista retomou as paisagens e as cores brasileiras que tanto a caracterizaram e voltou à pintura pau-brasil, agora intitulada neo pau-brasil. Tarsila fez duas grandes exposições em Paris nos anos vinte (1926 e 1929), com grande sucesso. Expôs no Brasil individualmente pela primeira vez em 1929. Até seu falecimento, participou de diversas exposições no Brasil e em vários lugares do mundo. Inovou sempre e contribuiu para mudar o rumo das artes do Brasil, junto com o grupo modernista brasileiro, mas mesmo dentro do grupo, sempre foi precursora, sendo assim considerada um dos artistas de maior importância na arte brasileira.<br /><br /><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">História das Obras</span><br /></div><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Chapéu Azul</span> - Esta tela foi realizada depois de Tarsila frequentar o ateliê de Emile Renard. As telas dessa época possuem uma grande suavidade e uma atmosfera lírica.<br /><br /><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Auto-retrato ou Manteau Rouge</span> - Em Paris, Tarsila foi a um jantar em homenagem a Santos Dumont com esta maravilhosa capa (Manteau Rouge, em francês, significa casaco, manto vermelho). Além de linda, usava roupas muito elegantes e exóticas, e sua presença era marcante em todos os lugares que freqüentava. Depois desse jantar, pintou este maravilhoso auto-retrato.<br /><br /><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">A Negra</span> - Esta tela foi pintada por Tarsila em Paris, enquanto tomava aulas com Fernand Léger. A tela o impressionou tanto que ele a mostrou para todos os seus alunos, dizendo que se tratava de um trabalho excepcional. Em A Negra temos elementos cubistas no fundo da tela e ela também é considerada antecessora da Antropofagia na pintura de Tarsila. Essa negra de seios grandes, fez parte da infância de Tarsila, pois seu pai era um grande fazendeiro, e as negras, geralmente filhas de escravos, eram as amas-secas, espécies de babás que cuidavam das crianças.<br /><br /><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">EFCB (Estação de Ferro Central do Brasil)</span> - Este quadro foi pintado depois da viagem a Minas Gerais com o grupo modernista. Foi então que Tarsila começou a pintura intitulada Pau-Brasil, com temas e cores bem brasileiros. Esta tela foi pintada para participar da exposição-conferência sobre modernismo do poeta Blaise Cendrars realizada em São Paulo, em junho de 1924.<br /><br /><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Carnaval em Madureira</span> - Tarsila veio de Paris e passou o carnaval de 1924 no Rio de Janeiro. É curioso ver que ela colocou a famosa Torre Eiffel no meio da favela carioca.<br /><br /><span style="font-style: italic; font-weight: bold;">A Cuca</span> - Tarsila pintou este quadro no começo de 1924 e escreveu à sua filha dizendo que estava fazendo uns quadros "bem brasileiros", e a descreveu como "um bicho esquisito, no meio do mato, com um sapo, um tatu, e outro bicho inventado". Este quadro é também considerado um prenúncio da Antropofagia na obra de Tarsila e foi doado por ela ao Museu de Grenoble na França.<br /><br /><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">O Pescador</span> - Este quadro tem um colorido excepcional e trata de um tema bem brasileiro: um pescador num lago em meio a uma pequena vila com casinhas e vegetação típica. Este quadro foi exposto em Moscou, na Rússia em 1931 e foi comprado pelo governo russo.<br /><br /><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Religião Brasileira</span> - Certa vez Tarsila chegou de viagem da Europa, desembarcou no porto de Santos e foi comprar doces caseiros em uma casinha bem simples de pescadores. Ao entrar observou um pequeno altar com vários santinhos, enfeitados por vasinhos e flores de papel crepom. Achou aquilo tão pitoresco e pintou esta maravilhosa tela.<br /><br /><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Manacá</span> - Linda tela, com um colorido forte. Esta flor é representada por Tarsila de uma maneira particular, bem típica da obra dela.<br /><br /><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Abaporu</span> - Este é o quadro mais importante já produzido no Brasil. Tarsila pintou um quadro para dar de presente para o escritor Oswald de Andrade, seu marido na época. Quando viu a tela, assustou-se e chamou seu amigo, o também escritor Raul Bopp. Ficaram olhando aquela figura estranha e acharam que ela representava algo de excepcional. Tarsila lembrou-se então de seu dicionário tupi-guarani e batizaram o quadro como Abaporu (o homem que come). Foi aí que Oswald escreveu o Manifesto Antropófago e criaram o Movimento Antropofágico, com a intenção de "deglutir" a cultura européia e transformá-la em algo bem brasileiro. Este Movimento, apesar de radical, foi muito importante para a arte brasileira e significou uma síntese do Movimento Modernista brasileiro, que queria modernizar a nossa cultura, mas de um modo bem brasileiro. O "Abaporu" foi a tela mais cara vendida até hoje no Brasil, alcançando o valor de US$1.500.000. Foi comprada pelo colecionador argentino Eduardo Costantini.<br /><br /><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">O Lago</span> - Maravilhosa tela da fase Antropofágica, com o colorido e o tema tão típicos de Tarsila. Seu sobrinho Sérgio comprou a tela e permaneceu com ela por muitos anos.<br /><br /><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">O Ovo ou Urutu</span> - Nesta tela temos símbolos muito importantes da Antropofagia. A cobra grande é um bicho que assusta e tem um poder de "deglutição". A partir daí, o ovo é uma gênese, o nascimento de algo novo e esta era a proposta da Antropofagia. Esta tela pertence ao importante acervo de Gilberto Chateaubriand e está sempre sendo exibida em grandes exposições.<br /><br /><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">A Lua</span> - Este quadro era o preferido de Oswald de Andrade, seu marido quando pintou a tela. Ele conservou o quadro até sua morte (mesmo já separado de Tarsila).<br /><br /><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Cartão Postal</span> - Vemos a lindíssima cidade do Rio de Janeiro nesta tela, que é o maior Cartão Postal do Brasil. O macaco é um bicho Antropofágico de Tarsila que compõe a tela.<br /><br /><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Antropofagia</span> - Nesta tela temos a junção do "Abaporu" com "A Negra". Este aparece invertido em relação ao quadro original. Trata-se de uma das telas mais significativas de Tarsila e o colecionador Eduardo Costantini, dono do "Abaporu", está muito interessado no quadro e já ofereceu uma soma muito alta por ele (que foi recusada pelos atuais donos).<br /></div></div></div></div></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5324720550438832394.post-2892793727091478752008-11-02T09:21:00.000-08:002008-11-02T09:53:40.192-08:00Oswald de Andrade<div style="text-align: justify;"><div style="text-align: center;"><img style="width: 223px; height: 277px;" alt="" src="http://i246.photobucket.com/albums/gg87/marcielnoronha/oswald.jpg" /><br /></div><span style="font-weight: bold;"><br />José Oswald de Sousa Andrade</span> (São Paulo, 11 de janeiro de 1890 — São Paulo, 22 de outubro de 1954) foi um escritor, ensaísta e dramaturgo brasileiro.<br /><br />Foi um dos promotores da Semana de Arte Moderna de 1922 em São Paulo, tornando-se um dos grandes nomes do modernismo literário brasileiro. Foi considerado pela crítica como o elemento mais rebelde do grupo.<br /><br /></div><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">O papel de Oswald no modernismo brasileiro</span><br /></div><br /><div style="text-align: justify;">Um dos mais importantes introdutores do Modernismo no Brasil, foi o autor de dois incontornáveis manifestos modernistas: O Manifesto da Poesia Pau Brasil e o Manifesto Antropófago.<br /><br />Indissociável da figura de Mário de Andrade, ambos os autores funcionaram como um dínamo na introdução e experimentação do movimento, unidos por uma profunda amizade que durou muito tempo.<br /><br />Embora menos profundo e analítico, Oswald de Andrade era muito mais extrovertido e provocador que o seu colega modernista. Nesse aspecto não só os seus escritos como as suas aparições públicas serviram para moldar o ambiente modernista da década de 1920 e de 1930.<br /><br />Foi um dos interventores na Semana da Arte Moderna de 1922. Esse evento teve uma função simbólica importante na identidade cultural brasileira. Por um lado celebrava-se um século da independência política do país colonizador Portugal, e por outro conseqüentemente, havia uma necessidade de se definir o que era a cultura brasileira, o que era o sentir brasileiro, quais os seus modos de expressão próprios. No fundo procurava-se aquilo que Herder definiu como alma nacional (volksgeist). Esta necessidade de definição do espírito de um povo era contrabalançada, e nisso o modernismo brasileiro vai a par com as vanguardas européias do princípio do século, por uma abertura cosmopolita ao mundo.<br /><br />Nos anos vinte Oswald voltou-se contra as formas cultas e convencionais da arte. Fossem elas o romance de idéias, o teatro de tese, o naturalismo, o realismo, o racionalismo e o parnasianismo (por exemplo Olavo Bilac). Interessaram-lhe, sobretudo, as formas de expressão ditas ingênuas, ou o abstracionismo, a recuperação de elementos locais, aliados ao progresso da técnica, um misto de dorme nenê que o bicho vem pegá e de equações.<br /><br />Num primeiro momento Oswald propôs uma carnavalização de todos os valores, na atitude típica da vanguarda iconoclasta, que depois refundiu para a expressão de revolução antropofágica.<br /><br />Foi com surpresa e satisfação que Oswald de Andrade descobriu, na sua estada em Paris na época do Futurismo e especialmente do Cubismo, que os elementos de culturas até aí consideradas como menores, como a Africana ou a Polinésia, estavam a serem integrados na arte mais avançada. Assim a arte da Europa industrial era renovada com uma revisitação a outras culturas e expressões de outros povos. Oswald apercebeu-se que o Brasil e toda a sua multiplicidade cultural, desde as variadas culturas autóctones dos índios até à cultura negra, representavam uma vantagem e que com elas se podia construir uma identidade e renovar as letras e as artes. Tenta fundir, pôr ao mesmo nível, os elementos da cultura popular e erudita, fazendo tábula rasa das categorias que T. S. Eliot iria cunhar como sendo upper culture e lower culture. Sugeriu ainda que as normas acadêmicas da fala fossem abolidas o que exprimiu na sua poesia.<br /></div><br /><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">O manifesto da poesia pau-brasil (1924)</span><br /></div><br /><div style="text-align: justify;">O manifesto da poesia pau-brasil é do mesmo ano que o Manifesto Surrealista de André Breton, o que reforça a tese de que o Brasil estava a acompanhar plenamente o movimento das vanguardas mundiais. Tinha deixado definitivamente de ser uma forma de expressão pós-portuguesa para se afirmar plena e autonomamente. Neste manifesto Oswald defende uma poesia que seja ingênua, mas ingênua no sentido de não contaminada por formas preestabelecidas de pensar e fazer arte. “Poetas. Sem reminiscências livrescas. Sem pesquisa etimológica. Sem ontologia.”<br /><br />O manifesto desenvolve-se num tom de paródia e de festa, de prosa poética pautada com frases aforísticas. Nele se expressa que o Brasil passe a ser uma cultura de exportação, à semelhança do que foi o produto pau-brasil, que a sua poesia seja um produto cultural que já não deve nada à cultura européia e que antes pelo contrário pode vir a influenciar esta. Oswald defende uma poética espontânea e original, as formas de arte estão dominadas pelo espírito da imitação, o naturalismo era uma cópia balofa. "Só não se inventou a máquina de fazer versos — já havia o poeta parnasiano". Afirma assim uma poesia que tem que ser revolucionária. “O trabalho contra o detalhe naturalista — pela síntese, contra a morbidez romântica. — pelo equilíbrio geômetra, e pelo acabamento técnico, contra a cópia, pela invenção e pela surpresa”.<br /><br />Talvez não seja muito errado afirmar que este manifesto poderia ser considerado como um futurismo tropicalista. “Temos a base dupla e presente —. a floresta e a escola. A raça crédula e dualista e a geometria, a álgebra e a química logo depois da mamadeira e do chá de erva doce...”<br /></div><br /><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Manifesto Antropófago (1928)</span><br /></div><br /><div style="text-align: justify;">Foi publicado no primeiro exemplar da Revista de Antropofagia. Os exemplares desta publicação eram numerados como primeira dentição, segunda dentição, etc.<br /><br />Este manifesto constitui-se numa síntese de alguns pensamentos do autor sobre o Modernismo Brasileiro. Inspirou-se explicitamente em Marx, em Freud, Breton, Montaigne e Rousseau e atacava explicitamente a missionação, a herança portuguesa e o padre António Vieira: Antes de os portugueses descobrirem o Brasil, o Brasil tinha descoberto a felicidade; Contra Goethe (que simboliza a cultura clássica européia). Neste sentido, assina o manifesto como tendo sido escrito em Piratininga (nome indígena para a planície de onde viria a surgir a cidade de São Paulo), datando-o esclarecedoramente como ano 374, da Deglutição do Bispo Sardinha, o que denota uma recusa radical, simbólica e humorísticamente, do calendário gregoriano vigente.<br /><br />Há várias idéias que estão implícitas neste manifesto, sendo de lamentar que o seu autor não tivesse o espírito sistemático e mais profundo do seu amigo Mário de Andrade para as ter explanado de uma maneira mais substantiva. Uma é conhecida da antropologia e tem a ver com o papel simbólico do canibalismo nas sociedades tribais/tradicionais. O canibal nunca come um ser humano por nutrição, mas sim sempre para incluir em si as qualidades do inimigo ou de alguém. Assim o canibalismo é interpretado como uma forma de veneração do inimigo. Se o inimigo tem valor então tem interesse para ser comido porque assim o canibal torna-se mais forte. Oswald atualiza este conceito no fundo expressando que a cultura brasileira é mais forte, é colonizada pelo europeu mas digere o europeu e assim torna-se superior a ele: Perguntei a um homem o que era o Direito. Ele me respondeu que era a garantia do exercício da possibilidade. Esse homem chamava-se Galli Matias. Comi-o.<br /><br />Outra idéia avançada é a de que a maior revolução de todas vai se realizar no Brasil: Queremos a revolução Caraíba.<br /><br />Outra idéia é a de que o Brasil, simbolizado pelo índio, absorve o estrangeiro, o elemento estranho a si, e torna-o carne da sua carne, canibaliza-o. Oswald recusa as religiões do meridiano que são aquelas de origem oriental e semita que deram origem ao cristianismo. Sendo a favor das religiões indígenas, com a sua relação direta com as forças cósmicas.<br /><br />O manifesto insiste muito nas idéias de Totem e Tabu, expressas em um trabalho de Freud de 1912. Segundo Freud o Pai da tribo teria sido morto e comido pelos filhos e posteriormente divinizado. Tornado Totem e por isso mesmo sagrado, conseqüentemente criaram-se interdições à sua volta.<br /><br />Citando o manifesto: Antropofagia. A transformação permanente do Tabu em totem. A antropofagia segundo Oswald é uma inversão do mito do bom selvagem de Rousseau, que era puro, inocente, edénico. O índio passa a ser mau e esperto, porque canibaliza o estrangeiro, digere-o, torna-o parte da sua carne. Assim o Brasil seria um país canibal. O que é um ponto de vista interessante porque subverte a relação colonizador/(ativo)/colonizado(passivo). O colonizado digere o colonizador. Ou seja, não é a cultura ocidental, portuguesa, européia, branca, que ocupa o Brasil, mas é o índio que digere tudo o que lhe chega. E ao digerir e absorver as qualidades dos estrangeiros fica melhor, mais forte e torna-se brasileiro.<br /><br />Assim o Manifesto Antropófago, embora seja nacionalista não é xenófobo, antes pelo contrário é xenofágico: Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago.<br /></div><br /><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Representações na cultura</span><br /></div><br /><div style="text-align: justify;">Oswald de Andrade já foi retratado como personagem no cinema e na televisão, interpretado por Colé Santana no filme "Tabu" (1982), Flávio Galvão e Ítala Nandi no filme "O Homem do Pau-Brasil" (1982), Antônio Fagundes no filme "Eternamente Pagu" (1987) e José Rubens Chachá nas minisséries "Um Só Coração" (2004) e "JK" (2006). As idéias de Oswald de Andrade influenciaram tambem diversas áreas da criação artistica: na música o tropicalismo na poesia o movimento dos concretistas e no teatro grupos como Teatro Oficina e Cia. Antropofágica tem sua trajetória ligada ao poeta.<br /></div><br /><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Obras principais</span><br /></div><br /><div style="text-align: justify;">Além dos manifestos da Poesia Pau-Brasil (1924); Manifesto Antropófago (1928), Oswald escreveu:<br /></div><br /><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Poesia</span><br /><ul><li> 1925: Pau-Brasil;</li><li>1927: Primeiro caderno do aluno de poesia Oswald de Andrade;</li><li>1945: Cântico dos cânticos para flauta e violão;</li><li>1946: O escaravelho de ouro.<br /></li></ul><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Romance</span><br /><ul><li> 1922-1934: A trilogia do exílio: I — Os condenados, II —A estrela de absinto, III — A escada vermelha;1924: Memórias sentimentais de João Miramar;</li><li>1933: Serafim Ponte Grande;</li><li>1943: Marco Zero: I - A revolução melancólica, II — Chão;</li><li>1954: Memórias: Um homem sem profissão.<br /></li></ul><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Teatro</span><br /><ul><li> 1934: A recusa;</li><li>1916: Théâtre Brésilien — Mon coeur balance e Leur Âme (com Guilherme de Almeida);</li><li>1934: O homem e o cavalo;</li><li>1937: A morta;</li><li>1937: O Rei da vela;</li><li>1953: O Rei floquinhos.<br /></li></ul><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Manisfestos</span><br /><ul><li> 1924: Manifesto da Poesia Pau-Brasil;</li><li>1928: Manifesto Antropófago;</li><li>1931: Manifesto Ordem e Progresso.<br /></li></ul><span style="font-style: italic;">Teses, artigos e conferências publicadas:</span><br /><ul><li> 1921: O meu poeta futurista;</li><li> 1945: A Arcádia e a Inconfidência;</li><li> 1945: A sátira na poesia brasileira.</li></ul>Unknownnoreply@blogger.com0